quarta-feira, 16 de abril de 2008

Uma festa, de coisas simples...


Há uns dias atrás fui à estante da minha filha à procura de um livro, e deparei-me com dois livros

que de certa forma marcaram a minha infância a nível da literatura: "O meu pé de laranja Lima" e "Rosinha minha Canoa" de José Mauro de Vasconcelos. Estava há dias a falar com os meus botões, naqueles dias que nos encontramos sós, e os botões servem para colmatar o vazio, e pensei nos jovens de hoje (crianças e adolescentes),existem excepções, mas, na generalidade com o acesso que têm a tanta coisa não desfrutam do prazer das coisas simples que a vida lhes oferece, sentem-se insatisfeitos com tudo, preferem a quantidade à qualidade.

Mais uma vez recordei episódios passados da minha infância, por causa desses dois livros que tiveram tanta importância para mim.

Seria no fim de Maio, princípio de Junho a Feira do Livro em Lisboa.

Coisas tão simples, tão banais que nos permitiam tocar o céu de felicidade.

Para nós era um dia muito especial, saíamos à tarde com a nossa mãe, habitualmente deitávamo-nos com o sol ainda a brilhar, mas nesse dia era diferente.Todos os anos o programa se repetia, e era uma festa, íamos ao encontro do pai, percorríamos a Feira de lez a lez e comprávamos os nossos livros, que afagávamos contra o peito como de bebés se tratasse, tal era o prazer, e foi numa dessas idas que adquirimos esses dois belos livros que ainda hoje já velhinhos guardo com carinho.Chegando a casa eram lidos sofregamente à noite no aconchego da caminha, que bem

sabia. Depois da Feira seguia-se o jantar, num restaurante cujo nome já não me recordo, onde se comia frango assado com batatas fritas e esparregado, mas, o melhor viria depois morangos com chantilly com os quais nos lambuzávamos todos! Que delícia, era perfeito!

A felicidade era patente nos nossos rostinhos de crianças, nesses dias especiais, os sorrisos, a excitação.Que rídiculo se os meus filhos lessem uma coisa destas, certamente iriam achar que estou a ficar velha.

Como eu gostava hoje de me sentar com uma criança à beira dum riacho, com os olhos fechados,

e ensiná-la a ouvir a água a correr...

Ouvir o chilrear dos pássaros....

Inalar o perfume das flores...

Correr na praia de mãos dadas, sentir nos pés a areia quente, o barulho do mar...

Deitar-me num campo verde, e sentir o sol a queimar-me a cara...

Percorrer na estrada à noite, olhar o céu e falar com as estrelas...

Seria tudo mais simples se nos preocupássemos com as coisas simples da vida!

E a vida é feita de coisas simples...

De gestos!!!

De momentos!!!
Isabel Cabral

5 comentários:

Viviana disse...

Boa noite, Isabel!

È tão bom recordar, não é?

Tem razão. Nessa altura a vida era bem mais simples...

Estava a ler as suas últimas frases aqui escritas, e a pensar que é tudo aquilo que eu mais gosto de fazer!...

Ainda por cima, tenho uma neta de 9 anos que vive no andar de cima, e com quem saio a passear pelos campos, com frequência.

Os outros estão mais longe.

Mas, quando vêm cá a casa, tambem vamos passear...

Nisto acho que sou uma priviligiada!

Gostei muito do seu post.

Tenha uma boa noite

um abraço
viviana

Fernando Vasconcelos disse...

Esses dois livros também estão na minha prateleira ... por acaso ainda bem que fala deles. Vou mostra-los ao meu filho que ainda não os leu.

renard disse...

Ola BC:

Parabéns atrasados. Pois é, já tenho net. Por isso podemos voltar a trocar afectos em forma de palavras.

Um beijinho

Raul Martins disse...

Ha vida é feita de coisas simples... e temos que ajudar os nossos filhos a descobrir a beleza que se encontra nessas coisas/momentos simples e que lhes passam muitas vezes despercebidas...
e gestos, sobretudo gestos...

Raul Martins disse...

Ha vida é feita de coisas simples... e temos que ajudar os nossos filhos a descobrir a beleza que se encontra nessas coisas/momentos simples e que lhes passam muitas vezes despercebidas...
e gestos, sobretudo gestos...