segunda-feira, 14 de abril de 2008

Uma pequena história de vida...Dilaila

menina timorense
Hoje, ao ler um artigo sobre Timor, vieram-me à cabeça num flashback, imagens da guerra, as montanhas, as crianças a cair em buracos à noite.Imagens que o Mundo não poderá esquecer nunca. Mas ao mesmo tempo, apareceu-me com toda a nitidez a carinha da Dilaila uma menina timorense, de aproximadamente seis anos (na altura),que estava no momento a viver em Portugal com a mãe e uma irmã mais novinha, viviam na "Colónia do Século" em S. Pedro do Estoril, durante algum tempo, como muitos outros refugiados.Devido a obras na escola da minha filha foram removidos para a colónia, provisoriamente(um provisório que durou um ano).Todas as manhãs a Dilaila olhava para mim e sorria, era a forma que ela tinha de comunicar comigo, gerou-se tal empatia entre nós, que nos tornámos boas amigas, de tal forma que ela pedia à mãe para vir para a nossa casa, o que aconteceu algumas vezes. A Dilaila como não estava integrada nas aulas pela barreira da língua, fazia desenhos que me oferecia todos os dias, com um nome no cimo "Para a Isabel"o que me punha completamente de rastos. O mais impressionante naquela criança, que tinha passado por horrores, que tinha estado refugiada nas montanhas, que tinha um pai e cinco irmãos, cujo paradeiro para elas era desconhecido, ainda sorria e fazia desenhos que não eram cinzentos.



Eram desenhos coloridos, com muitas flores, muito sol. Fantástico!

Beijava-me os olhos, os cabelos, as mãos, corria pelo corredor fora, por vezes ainda de pijama

quando lá chegávamos de manhã, para vir para o meu colo. Foi um ano em que ela recebeu Amor, mas ensinou-me muitas coisas simples e bonitas." Dilaila foi uma história de vida na minha vida"

Quando me despedi dela no aeroporto, apertou-me a mão com tanta força que eu própria achei

que não conseguiria deixá-la partir. Não quis chorar, seria pior.



Guardo dela a imagem de uma menina linda, com olhos negros como o céu à noite e que brilhavam

como as estrelas, que sorriam e transmitiam afectos...

Hoje provavelmente com dezasseis ou dezassete anos, quem se lembrará dela?

Uma terra tão distante, do outro lado do mundo.

Onde estará Dilaila?A menina que me ensinou tanta coisa sempre com um sorriso nos lábios

Nunca recebi notícias dela, isso entristece-me. Estará bem?

Onde estará a menina com olhos de estrelas cintilantes, num céu escuro, que nós queremos que seja brilhante de dia, sem guerras, sem fome, mais justo.Igual para todos, pois certamente existem muitas Dilailas por esse mundo fora, que precisam de Amor, mas que também nos podem dar muita coisa e contar muitas histórias.

HISTÓRIAS VERDADEIRAS....

Isabel Cabral

10 comentários:

O Lápis disse...

Não sei do real paradeiro da menina que te iluminou, mas um dos paradeiros paralelos e possiveis, é que continue no teu coração...


Beijo-vos! :)

O Lápis disse...

E Parabéns! :)

Conta muitos com muitas palavras!

:)

BC disse...

Obrigada por ter vindo visitar a minha "cidade dos afectos"pelos comentários percebi que deve ser médico (a)adorei o seu texto.
Volte sempre...
:)

Raul Martins disse...

E lembrei-me do principezinho:

"Foi o tempo que dedicaste à tua rosa que fez tua rosa tão importante."

E certamente ela estará bem... e não deixará de estar no teu coração, assim como permanecerás no dela...
por vezes há coincidências...
quem sabe...
não seria a primeira, não é?

Anónimo disse...

olá prima bé, gosto muito de visitar o teu cantinho especial, na realidade tens a quem sair, com esta tua veia poética e filosófica. Adoro os minutos que passo por aqui. beijinhos da paula do zé cortez

BC disse...

Olá Paula!
Não sabia que frequentavas o meu blog, fico contente por isso e ainda bem que gostas, pensei que era a tua cunhada Ana, agora quando vi, mas logo me apercebi, até pensei que estavas em Singapura, por lá de férias que bom
Aparece sempre
Beijinhos á tua prol e ao meu primo

Anónimo disse...

Querida Be, este teu texto fez-me lembrar os meses que fomos familia de acolhimento de criancas abandonadas na Argentina. Criancas que sofrem e sofrem e nunca perdem o sorriso, se contentam com tao pouco... e nos as vezes que tanto exigimos e estamos sempre insatisfeitos. Certamente que essa menina sempre tera um lugar para ti no coracao e palavras para que?
Beijinhos da Ana
(uma anonima do blog porque nao me lembro da minha contrasenha ahahah.

Anónimo disse...

olá Bé, a Ana também te deixa comentários, foi através dela que eu soube que tu tinhas este maravilhoso blog, prima continua, ao menos aqui sempre podemos estar mais bem perto uma da outra. Beijinhos para voçês

Émy disse...

Este texto está muito bonito e claramente esta é uma história de amizade como tantas que felizmente muitos de nós temos a felicidade de ir "encontrando" e "vivenciando" ao longo da nossa vida!
Aproveito para, perdoe-me a "mesquinhez", chamar a sua atenção para um erro que pelo que vi, ao ler alguns artigos do seu blog, se repete frequentemente: quando utiliza o "á" deverá utilizar "à". Apenas um pequeno pormenor mas que me chamou a atenção.

BC disse...

Obrigada por ter visitado o meu blog,nunca levo a mal uma chamada de atenção nem lhe chame de mesquinhez, poderia não aceitar mas
até lhe agradeço e vou passar a tomar atenção.Quantas vezes escrevo à noite e já não tenho tempo de rever com o cansaço, e já dei muitas vezes conta de erros que corrijo, outros passam.Por exemplo:quis(correcto)e eu teimo em
quiz(incorrecto)mas ao rever dou conta, mas, com textos grandes por vezes seguem e não volto atrás.
Obrigada e volte sempre