de tempos já passados
fez o encanto
da menina dos olhos profundos,
era a sua amiga,
era a sua companheira
pela mão a pegava
e a levava para todo o lado.
Com ela falava,
com ela brincava,
e lhe contava os seus segredos.
A boneca de trapos que a avó
um dia lhe fizera
já com suas mãos cansadas,
mas fizera com tanto amor e carinho.
Era agora uma quimera,
num velho baú empoeirado,
num sotão escuro
onde só pequenos animaizinhos o habitavam.
Coisas velhas, ligadas a tantas vidas
ligadas a tantas histórias.
Mas, num cantinho, ela jazia,
com papéis e recordações
de tempos idos.
A boneca de pano chorava,
dentro do peito batia,
dilacerado um coração
de saudades da sua menina
de olhos profundos,
à espera que um dia
alguma outra menina
de olhos profundos
a descobrisse e a levasse
outra vez para fora do baú
e juntas vivessem de novo
as mesmas aventuras, outrora vividas
pelas duas amigas,
e o passado seria de novo presente.
Porque de mãos dadas
voltariam a brincar!!!
11 comentários:
Que história tão bonita que tu aqui contas em forma de poema. Sabes, quando eu tinha 8 anos, a minha mãe e o meu avô fizeram-me uma boneca pequenina de pano, com cabelo ruivo de lã cor de laranja, em tranças, que eu conservei até estar rota. Era a Tita. Ia comigo para a escola no bolso da minha bata!
Por incrível que pareça nunca tive bonecas de pano, tive já bonecos mais sofisticados.
Mas devo ter ficado com algum trauma porque também por incrível que pareça sempre gostei das coisas
mais simples.
Lembro-me de me terem uma vez comprado ou alguém me ter oferecido
um objecto para fazer bolas de sabão e eu preferia fazer com carrinhos de linhas, sempre puxei,para quem tinha menos do que eu e essas coisas davam-me muito mais prazer.
Em compensação comprei imensas à minha filha quando era pequena porque achava as bonecas deliciosas
e inclusivé lembra-me de tentar fazer, e ainda fiz uma com umas enormes tranças amarelas em lã e fiquei felicisssíma, com umas pernas muito compridas,vesti-a, a cabeça enchi uma meia com trapos velhos e saiu e deu-me imenso gozo
"É sempre bom lutarmos por aquilo que queremos, dá mais gozo",nunca gostei de coisas fáceis.
BEIJINHOS FADINHA,E AINDA BEM QUE TE FIZ RECORDAR A TUA TITA!!!
eu tinha uma rita, ainda existe! e a minha mãe e tia fizeram mais umas quantas, não me lembro, e eu fazia-lhes roupas, tricot e de pano, mas a rita era especial, dormia comigo e contava-me tudo! ainda sabe todos os meus segredos de miúda!
a minha filha do meio também faz bonecas de pano para as suas meninas...
recordar e preservar, é viver!
beijinhos
Pelos vistos existiu sempre uma boneca de trapos nas nossas vidas, mesmo que em imaginação.
Acho isso delicioso,nem sei porque me veio à ideia tal coisa, mas surgiu, segunda à noite, peguei no papel, e no lápis e lá saíu uma boneca de trapos.
Beijocas
E JÁ TEMOS UMA TITA, UMA RITA...
Minha mãe falava-me de uma boneca de trapos que tinha... eu delirava com essa boneca... Beijoca ** Pipoca
Olá Isabel,
È uma ternura este seu poema sobre uma boneca de trapos.
Gostei.
E conforme ia lendo e interiorizando, fiquei cheia de pena da boneca lá no sótão, no baú,´sempre á espera que uma menina de olhos profundos... a fosse busca para brincar com ela.
Eu creio que os sótãos por aí... estão cheios de bonecas de trapos na mesma situação.
Que pena!
Um abraço
Viviana
"Tinha a menina Loló
uma sábia bonequita
aquilo bastava só
puxar-lhe a genta uma guita
que lhe pendia por trás
do vestidinho de lã
e eis que a língua se lhe desata
e diz: Papá e mamã"...
Aaaatchiiim
E é isso mesmos Viviana quantas bonecas de trapos não estarão por aí escondidas em sotãos à espera que alguém as vá buscar.
BEIJINHOS
Sê benvinda espirra canivetes, espero que te dês bem por aqui, já percebi que estás a começar na blogosfera, não te deixei comentário porque não li ainda com atenção, mas lá voltarei.
OBRIGADA PELA VISITA
Isabel
Quantas saudades guardamos nos baús
beijinhos
As nossas sintonias são parecidas,Luna.
Ligações com o mar e com a poesia à mistura...
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