onde pessoas se cruzam
onde pessoas se olham
o que terá para dizer
uma mesa de café.
Por entre um trago
por entre meia dúzia de palavras
um pão, uma dentada
um gole, uma olhadela,
gestos involuntários, demagogias.
Por trás de cada mesa
uma vida por desvendar,
uma vida já vivida,
coisas banais, cativar,
complicadas, aceitar.
Um desabafo, um amor
começado numa noite de Verão,
dele restará a dor
ou exaltará uma grande paixão,
onde sinos tocarão
músicas com furor
onde estrelas brilharão,
e serão centenas, milhares,
e o céu irão encher
porque cá em baixo
alguém se apaixonou.
Isabel Cabral
14 comentários:
Tenho esta pintura (cópia) do Vincent van Gogh na minha sala de estar. Nao é das minhas preferidas de Vincent van Gogh, mas foi o meu filho, Jochen, que me ofereceu.
Este seu poema agrada-me muito. Lembra-me da minha vida pseudo-intelectual nos cafés do Porto, especialmente no "Piolho".
Saudacoes outonais!
Estou atarefadissíma a esta hora, mas vim responder.
O quadro foi mais para ilustrar o poema, e foi o que achei que mais se adequava, também por lembrar épocas passadas.
Faz-me lembrar Paris.
Quanto ao poema, o que a Teresa diz, foi precisamente o que eu quis
retratar com ele, os bons velhos tempos em que os intelectuais se juntavam no café para discutir política, livros, leituras e todas as outras coisas banais que eventualmente surgissem.
Esse tempo é mais do meu pai,mas eu lembro-me perfeitmente de passar
algum tempo com ele quando era de dia, ele leváva-me e eu adorava, embora naquela altura não percebesse nada, era pequenina.
Mas já nesse tempo as poesias andavam no ar com ele, com os amigos. Fui criada nesses meios intelectuais onde o meu pai vivia muito "e eu só achava piada".
Agora sinto falta dessas tertúlias,
desses encontros em casa de um, em casa de outro, e era diferente.
Bebia-se mais cultura.
Abraço
Isabel
Olá Isabel
Que coincidências bonitas, a Teresa a falar do Piolho e eu que muito desenhei nesse café, o céu estrelado, uma esplanada de café, Van Gogh. O poema e a imagem estão muito bem ligados. Tudo muito lindo, gostei tanto de vir aqui, é bom ver a poesia aliada à pintura.
Beijinhos
Isabel
Isabel olá,
Que boas recordações, e as minhas famosas coincidências, ou encontros,não sei explicar, mas existem pessoas que se cruzam no nosso caminho por alguma razão.
Disso tenho a certeza.
Umas desaparecem, mas outras ficam para sempre, mesmo que nem sequer nos vejamos nem tenhamos contacto com elas, (pesssoal), estão cá dentro.
Passam pela nossa vida e ficam para sempre!!!!
Grande beijo
Logo passo por lá, agora está complicado.
Fim de Semana fora, lindo Alentejo.
Pensei em muitas estrelas há noite, e também vi muitas, e conversei com elas, da janela do meu quarto!!!!!
Infelizmente, no Brasil praticamente não encontramos esses cafés pelas esquinas como vemos em Paris e Buenos Aires(quando lá estive amei passar as tardes entre um e outro café ao lado de minha esposa), daí não termos esses momentos de agradável passatempo romântico.
Seu lindo poema canta com maestria o encanto desses estabelecimentos tão importantes hoje quanto outrora(o escritor Ernest Hemingway escreveu alguns livros sentado à mesa de cafés de Paris).
Grande abraço fraterno do amigo Gilbamar.
olá Gilbamar,
Outrora muitos livros foram escritos precisamente nesses cafés.
Inclusivé aqui em Portugal, grandes escritores/poetas o fizeram
nas tabernas ou leitarias, na altura.
Eram pontos de encontro onde trocavam ideias escreviam e falavam de variadas coisas,hoje existem nalguns sítios os cafés concerto, mas é diferente.
Abraço para Terras de VERA CRUZ
Isabel
numa mesa de café, ou por detrás dela, tudo pode acontecer, desde escritas lindas que ficarão celebrizados em obras de renome, desenhos, pinturas, rabiscos dos mais famosos artistas, ou simplesmente uma conversa...
bonito van gogh, isabel, gosto muito dos seus quadros - amesterdammmmmmmmmmmm
feliz semana para ti, isabel
beijinhos
É certo Amesterdam.
Tanta arte, não é gaivota.
Mas nas mesas dos cafés saíram muitos desses artistas, e foi atrás de uma mesa provavelmente que muitos começaram a escrever, a desenhar....
Beijos
Isabel
Tantas coisas que se podem passar numa mesa de café, que se começam e acabam... se for numa noite de estrelas à beira-mar, bem pode ser o início de um amor, como tu dizes. Mas também me fazes lembrar as belíssimas tarde que eu passava com os meus amigos nos tempos de estudante, tardes longas e despreocupadas... que saudades que me trouxeste, saudades boas.
Um beijo e uma boa semana.
Olá Isabel
O Piolho continua a ser o meu café preferido quando estou no Porto.
Acho também que o céu estrelado, uma esplanada de café, Van Gogh e o poema estão muito bem ligados.
O quadro cópia que eu possuo é enorme, e apesar de a minha sala ser bem grande, dá a impressao de ser mais pequena com um quadro daqueles. De resto também gostei mesmo muita da poesia aliada à pintura.
Uma posta magnífica, Isabel!
quando amamos vimos a vida com outros olhos com uma leveza especial
beijos
Há milhares de histórias...
Cruzam-se num local tão simples como um café onde, às vezes, ninguém se conhece verdadeiramente e no entanto, sente-se que faz parte de uma comunidade....
Obrigada pela visita e sim, vamos continuar a apostar no branco...
PAZ
Beijos e abraços
Marta
Tenho uma cópia deste quadro na minha sala. Faz-me lembrar as ruelas de Montmartre e o teu poema acaba por completar a pintura. Muito bonito. Beijinho
Dos vários objectos que se cruzam nas nossas vidas, as mesas dos cafés/esplanadas muito teriam para contar, se falassem.
E o teu poema retrata isso.
beijinhos
Enviar um comentário