Uma bomba caiu,
sem dó, nem piedade
vinda sabe-se lá de onde
O céu escureceu,
num inferno,
a terra se transformou
engolida por chamas, fumo.
Quem atingiu
sempre o inocente
que em sangue se esvaiu,
até chegar a inevitável morte
que há muito alguém anunciou.
E entre gritos e lágrimas,
por tantas mães choradas,
a guerra continua,
dura, implacável
ninguém vê um final.
E destrói e fere e mata
O céu que era azul
se torna cinzento, abominável,
e acontece o inevitável
o sabor da dor, do final
onde deveria haver Amor.
Mas essa palavra é desconhecida
anda algures perdida
nas mãos dos "Senhores da Guerra"
que se sentem predadores.
Brincar com tanto sofrimento,
a brutal crueldade
perdida nas mãos
de alguns que querem
para si o mundo,
mas quando o tiverem
de que lhes serve,
se ele já foi destruído, engolido.
Mas antes de o terem
quantas vidas perdidas
quantas crianças,
do seu mundo arrebatadas
onde o Sol já não vêem nascer,
somente uma bala a correr,
para tudo lhes tirar.
Crianças sem terra
sem casa, sem ninguém,
só uma coisa lhes fica,
a dor de não mais conseguir viver.
Nos escombros se abrigam,
se escondem,
se encobrem do frio.
Na esperança de um dia,
ver o Sol nascer outra vez!
Isabel Cabral
Não quereria começar o ano com tanto pessimismo, mas ninguém pode ficar indiferente a guerras, onde morre gente, sobretudo inocentes.
18 comentários:
Isabel
Um belíssimo poema de força onde as palavras se encheram de sangue, de dor, de amargura, sobretudo, para os que não têm qualquer culpa das atrocidades que esses predadores andam a praticar tão descaradamente e sem qualquer punição.
As tuas palavras aqui são um grito de alerta para a (des)umanidade cruel que mancha o nosso mundo.
Bem hajas por partilhares esse grito connosco.
Beijinhos
MV
Voltei para trás para deixar uns versos que sempre me acompanham e são de Stª Teresa D'Ávila:
Nada te perturbe,
Nada te espante,
Tudo passa,
Deus não muda,
A paciência tudo alcança;
Quem a Deus tem
Nada lhe falta:
Só Deus basta.
Eleva o pensamento,
Ao céu sobe,
Por nada te angusties,
Nada te perturbe.
Isabel, nao sou crente, mas estas palavras dizem muito sobre aquilo, que eu penso. Levei-as para o "ematejoca azul".
O meu nome foi-me atribuído por causa da Sta. Teresinha do Menino Jesus - a minha mae sempre me chamou Teresinha. Mas a minha simpatia vai toda para a Teresa D´Ávila. Era uma mulher culta e inteligente, e para a época, emancipada.
Esta guerra é horrível como todas as guerras... e como em todas as guerras há culpados e inocentes de ambos os lados.
Boa noite, Isabel!
Infelizmente estas tuas palavras são a realidade... é incrível a quantidade de pessoas inocentes que têm vindo a morrer nos últimos dias vítimas de uma guerra cega...
O teu poema é lindo... até dói lê-lo...
Beijinho
Paula
Olá Paula!
Como não apareci no teu blog, vou responder-te aqui e sê bem aparecida.
Lamento escrever estas coisas mas como a Marta acima diz há que dar "gritos" destes, para alertar as pessoas, que se lembram concerteza, mas como todos nós temos as nossas vidinhas, acabamos por não nos lembrarmos às vezes destes problemas sociais e é importante que sejam lembrados, tomara que não fosse preciso falar em guerras e em crianças maltratadas.
Beijinhos
Isabel
porque a guerra mata, destrói e aniquila...é importante que falemos dela...parabéns pelo post
beijos e um bom ano
Palavras bem reais e como isso está acontecer em Gaza, espero q em breve o sol venha a nascer por aquele lado... paz é preciso neste mundo.
Bjocas amiga
Nuno
Pois infelizmente é verdade. Obrigada pela visita. Beijos.
Olá Isabel
Só para lhe dar as boas noites, também ando um pouco cansada, mas depressa recupero as minhas energias. Bastam 12 horas de sono e já estou como nova.
Beijinhos
Isabel
Olá Isabel.
Não é péssimismo, amiga.
È o grito da alma pela tradédia criada pelos homens...
Quem poderá entender isto?
Não é entendível!
Simplesmente, acontece...
Oxalá tudo termine rápido e com o menor número de vitimas e sofrimento, para ambos os lados.
Um abraço
viviana
Directo e simples, como devem ser as coisas. Tudo de bom. Vai uma visita até mim?
Pena que os homens ainda insistem tanto em resolver seus problemas através do sangue dos inocentes. Até quando?
Cremos que um dia Deus haverá de por um fim nisso tudo.
Abraços fraternos e amigos.
Escrevo as palavras ao sabor dos tempos
para que os medos fiquem na soleira da porta dos desvalidos das guerras.
Se possivel bom 2009 para este Mundo!
jalves.
Fico mais descansado em encontrar alguém que por um instante foi assolada pela realidade actual.
Essa mesma realidade que por vezes nos leva a gritar bem alto!
Um abraço.
VT
Acredito que não quisesses começar o ano a escrever sobre este assunto, mas infelizmente não nos deixam esquecê-lo.
Assim sendo, escreveste muito bem.
Está lindo.
Beijinhos
Também nao queria falar sobre este assunto, mas ontem fi-lo no
"ematejoca azul" ao ler um artigo do Baptista-Bastos no Diàrio de Notícias.
Noto aqui e nalguns blogues portugueses, uma simpatia maior pelo exército israelita do que pelas milícias do Hamas. Na Alemanha tem a ver com a sua História - e com as atrocidades feitas aos Judeus -.
Eu nao tenho simpatia por nenhum deles. Ambos sao brutais e sem um mínimo sentido de ética.
O cessar fogo foi desta vez desrespeitado pelos palestinianos, mas sabem, quantas resoluções da ONU foram violadas por Israel? Muitas! Os Israelitas já violaram mais resoluções da ONU do que a Turquia!!!
Teresa eu não tomo posições também, para mim existe uma guerra simplesmente, que é condenável, onde morrem inocentes e é isso que me faz correr e denunciar, e me põe triste com o Nosso Mundo.
"Como mãe penso nas outras mães, e como filhos que tenho, penso nos filhos das outras mães"!!!!!
SIMPLESMENTE ISTO....!
Beijos
Isabel
O QUE ME DÓI MESMO E ME PREOCUPA É COM OS FILHOS DA GUERRA.
Deambulava por aí quando encontrei o teu blogue.
Comecei ler os teus poemas e acabei neste, que é o último da página inicial.
Gostei da tua poesia, é límpida e cristalina, "entre o azul e o branco, entre a onda e a espuma"...
"É preciso saber voar" para escrever assim. Gostei imenso do que li.
Beijinhos.
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