quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Charneca

Picasso
Quando eu era menino, na charneca
soltava as rédeas longas de sonhar
do meu cavalo branco de brincar.
Deitava-me no chão, no mato virgem,
banhava-me de urze e rosmaninho,
respirava as canções dos pintassilgos
e, dos grilos, o canto matinal,
jogava a bola com o sol
e as lagartixas tontas, repentinas,
fugiam, lesas,
sob os meus pés descalços.
Que perfume a resina!
Que aroma a eucalipto,
profundo!
Que fragrância divina
a das giestas
onde a gente crescia!
Quando eu era menino, na charneca
parava ali o mundo.
E eu nascia.
Mariano Calado

9 comentários:

BC disse...

Teresa o canal existe, mas vejo tão pouca televisão que não faço a mínima ideia se o filme vai passar, eu já o vi várias vezes há muitos anos.

.Quanto às duas poetisas com o nome de Isabel, obrigada pela minha parte pelo elogio, mas continuo a dizer que não o sou e não é para me armar, é o que eu sinto e cada vez mais, acho que só brinco com palavras e não digo nada.

.De qualquer modo, de uma amiga para outra muito obrigada pela sua sempre gentileza, que me honra muito e me faz muito feliz, e isso para mim é o mais importante Teresa.
Obrigada da Isabel I

Tentativas Poemáticas disse...

Olá Isabel
Muito obrigado pela sua visita e comentário deixado. Os Anjos existem, sim, mas não são perceptíveis à generalidade da mente humana. Mas torna-se necessário muito cuidado pois eles apresentam-se-nos com diversas formas.
Beijinho
António

Tentativas Poemáticas disse...

Olá Isabel
Muito obrigado pela sua visita e comentário deixado. Os Anjos existem, sim, mas não são perceptíveis à generalidade da mente humana. Mas torna-se necessário muito cuidado pois eles apresentam-se-nos com diversas formas.
Beijinho
António

BC disse...

O comentário passou duas vezes, depois retiro um, agora,não aparece
o simpático caixote.

Quanto aos anjos, completamente de acordo.
Se eles existem, esses não são perceptíveis de facto (acho que às vezes eles estão do nosso lado a dar-nos a mão, não acha???)

Os outros, os terrestres fugir de alguns, especialmente de anjas.
Beijo
Isabel

1/4 de Fada disse...

Costuma-se dizer que filho de peixe sabe nadar... e por aqui se vê que é realmente certo. Que escolha tão feliz para a ilustração do poema!

Mello disse...

Gostei muito do poema e do quadro de Picasso. Adorei estes versos: "respirava as canções dos pintassilgos
e, dos grilos, o canto matinal,
jogava a bola com o sol..."

Beijinhos e fica bem

Viviana disse...

Olá querida Isabel,

Mas que poema lindo este do seu pai!

Fiquei encantada.

Obrigada por o ter publicado, amiga.

Tenha uma boa noite de descanso.
Um beijo
Viviana

ematejoca disse...

Já vim aqui várias vezes ler este soberbo poema. Sem comentários.
Quando estou triste faltam-me as palavras... mas as palavras dos poetas ajudam a minha dor.

Um abraco ao seu pai, te tanto admiro.

BC disse...

Acontece, ou nos faltam as palavraou então é quando elas nos saem melhor.
It depends!

Os cumprimentos serão entregues, liguei à bocado para ele, mas o maroto deve andar a dar as voltinhas dele.
Se estiver a passear ainda bem, mas se for a trabalhar é um maroto,
nunca pára.
Beijinhos e pouca tristeza, tudo ´se dissolve, nos últimos tempos fale comigo, não tem sido fácil.
Força e seguimos em frente num cavalo branco cavalgamos por montes e vales até rebentarmos de cansaço...