quarta-feira, 15 de outubro de 2008

De novo o Sorriso

Nasceu um Sorriso,
uma Cidade de Afectos também,
mas o Sorriso está só,
e os afectos tão transformados!


Tudo é diferente,
nada é permanente
ficaram palavras
ficaram lembranças
de vidas cruzadas
de vidas partilhadas,
estradas outrora direitas,
são hoje sinuosas,
as aguarelas, essas
perderam alguma cor,
perguntas pertinentes
ficam no ar.


Nas asas de uma gaivota,
partiu um dia o Sorriso
de nó na garganta.


Na lua o recordo,
assim desolado,
e o vento suave
na cara lhe bate
e o leva pra longe
nas asas do vento
daquele lá do sul.


À lua ele foi um dia,
mas de lá voltou,
pois lá não sorria,
nem de noite, nem de dia,
enfim regressou,
para nossa cidade fantástica
a tal dos afectos.


E então, sorria... sorria...
pois já podia
agarrar nas mãos
e no coração guardar
de novo o seu mar.


Com conchas e búzios
voltar a brincar.


Isabel Cabral

5 comentários:

1/4 de Fada disse...

Nem imaginas o que gostei de aqui chegar e ler este poema tão optimista e tão cheio dos sorrisos a que nos habituaste.

BlueVelvet disse...

É isto mesmo, Isabel.
Que forma linda que encontráste para falar da Cidade.
Transformou-se mas ficaram afectos que a cada dia se fortalecem.
E o sorriso...
Beijinhos e veludinhos azuis

renard disse...

E enquanto os afectos de que fala a Blue Velvet existirem, cá estaremos para com o Sorriso brincarmos na areia com conchas e búzios.
Porque o Afecto é isso mesmo. A capacidade de sermos também crianças. O compreendermos o lado daquele/a que estimamos.
Se quiseres ir brincar para a praia comigo, eu vou está bem? Na promessa que depois me escovas o pelo para tirar a areia, ok?

Um abraço

Anónimo disse...

Sinto neste poema, Isabel, uma certa incerteza dos afectos existirem, ou melhor deles continuarem. Sinto neste poema uma certa nostalgia. Uma nostagia daquilo que a teia dos afectos foi e que tao diferente está.
Talvez esta interpretacao esteja errada. Talvez seja o meu próprio pensamento sobre esses afectos.
Talvez seja por ter chegado agora a casa e estar cansada.
Amanha vou ler o poema outra vez. Mas esta noite encontrei nas suas palavras, Isabel, uma certa tristeza.

Carla disse...

linda esta viagem dos sorrisos
beijos